Entrevista Concedida a Rede Promove sobre TDA/H e suas implicações na Sala de Aula

1) Lidamos, todos os dias, com alunos que de, alguma maneira, apresentam os sintomas apresentados na palestra. É fato a importância de uma aula diferenciada que envolva esse aluno. Entretanto, há os demais alunos e há prazos para o cumprimento do programa. Qual a sua sugestão de conduta em sala de aula ao reconhecermos um aluno que possua características do TDA sem comprometer o rendimento da turma?

Acredito muito que deva ser feito um trabalho com a turma, onde as diversidades deverão ser trabalhadas, sem expor o aluno, colocar para a turma que cada aluno tem mais facilidades para uma coisa e dificuldades para outras... A partir daí gosto muito de trabalhos com monitoria, uns ajudando os outros, isso tem dado muito certo.

As provas devem ser divididas em tempos, deveres também, trabalhar com deveres mais criativos

( habilidades que eles tem de sobra).

Em sala de aula, colocá-los sentados na frente, colocar um colega para ser seu tutor, na hora das anotações da agenda.

2) A sala de aula é um mundo heterogêneo, dinâmico por natureza e muito estimulante. Como reduzir os estímulos para crianças com TDA , sem afetar os desenvolvimento das demais?

Tentar com que elas não sentem perto de janelas e portas, sempre na frente , nada de muitas gravuras penduradas nas paredes, sempre que for escrever no quadro, usar canetas coloridas para separar título...

3) A comunidade externa está preparada para "entender", "aceitar" e "respeitar" o relógio dos alunos que apresentam essas dificuldades?

A comunidade somos todos nós, acredito que como Educadores temos o dever de dar o exemplo , se entendermos com tranqüilidade esses nossos alunos, os pais também os entenderão. A  Escola deve fazer Palestras onde o tema seja trabalhado, pois a cada dia temos mais crianças e adolescentes com o diagnóstico e muitas vezes sem conclusão ,  é importante que ,os pais conheçam o distúrbio até mesmo para que possam vê-lo como algo natural que apenas precisa ser bem encaminhado e acompanhado pela escola – família-profissional.

4) Dê sugestões de posturas de comportamento que qualquer professor pode ter em suas aulas para contribuir na tranqüilidade de seus alunos.

Tratar todos com o mesmo respeito, no dia a dia, tendemos a automatizar nosso trabalho e as crianças e jovens com o distúrbio, necessitam muito de serem olhados, já que muitas vezes os pais os colocam como fracassados, minhas dicas:

- olhem eles com muito respeito (olho no olho);

- trabalhem muito o positivo, aquilo que eles conseguiram e não o que ficou faltando;

- Elogiem perante a turma;

- não os comparem com ninguém, apenas com eles mesmos ( o como eles estão progredindo);

- Ajude eles com a organização e as anotações;

- Não trabalhem com provas surpresas;

Eles precisam de rotina e muita organização.

5) Existe uma idade mínima da criança para encaminhamento para avaliação de hiperatividade? Qual é?

Geralmente aos sete anos, quando as exigências escolares aumentam, antes disso o Diagnóstico é mais duvidoso.

6) Sabemos que o aluno portador de TDA necessita de uma ambiente estruturado e organizado e ainda, que os colegas de sala de aula estejam permanentemente sendo orientados para conviver com tal problema. No entanto, o dia-a-dia da escola é muito dinâmico e nem sempre há como promover ajustes. O que fazer quando famílias começam a ameaçar pedir transferência de seus filhos, se " aquele" aluno com TDA permanecer na escola?

Eu acredito muito na Formação dos Pais, a Escola deve marcar Palestras  e Seminários, onde o  tema  seja trabalhado juntamente com outros relativos a Educação/ Diversidade/ Depressão infantil...

A escola não pode ter medo de trabalhar seus verdadeiros valores e crenças por causa de pais despreparados e preconceituosos, pelo contrário, a escola tem a obrigação de mostrar para pais que, é possível que seus filhos aprendam dentro das diversidades, desde que , elas ( crianças) possam participar ativamente como agentes transformadores em seu espaço ( sala de aula), para que, futuramente possam agir no mundo.

Mais do que aprender a conhecer precisamos aprender a SER.

7) Como deve ser a educação de uma criança com TDA, por parte da família e da escola? Mais enérgica, pulso firme, ou mais tranqüila, permitindo que a criança manifeste seus anseios, suas vontades?

A educação sempre deve ser conduzida de uma forma sensata, onde o equilíbrio seja  a mola, são crianças que necessitam de muita rotina, horários, pois elas já são desorganizadas por natureza, é necessário que tudo seja combinado e cobrado, sempre pequenos combinados, pois elas não registram muitas informações de uma só vez.

8) Como devemos trabalhar com a família que resiste reconhecer que o filho apresenta atitudes hiperativas, resistindo à busca de um diagnóstico e de um futuro tratamento?

9) Como se classificaria uma criança que na escola se apresenta desatento, não completa as tarefas, se distrai facilmente, em casa, se mexe, fala o tempo todo e se concentra somente naquilo que lhe convém? TDA? Hiperativo?

 

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