E o resto da classe? Ainda me preocupa!
Queridos....
Gostaria mesmo de conhecer a única
incomodada da classe,
para apoiá-la, porque comprova que nem tudo
está perdido.
Uma parte deste bizarro fato já foi sanada,
(ou saneada)
com o pronunciamento da Universidade e o
desligamento
da mestra convidada.
Mas o que está mesmo me preocupando ainda, é
o resto
da classe, que além de não perceber o que
estava ocorrendo,
nem sentir qualquer desconforto por ouvir
tais sinônimos
para uma pessoa (no caso de escolas,
seriam crianças ou jovens),
ainda se divertiu com risadas. Com a absurda
agravante de
tudo isso ter ocorrido num curso sobre
Inclusão, e os personagens
eram pedadogos. ( Eu não disse educadores)
Estarão ou já estão com nossas crianças e
jovens.
( E fico pensando que para criança não tem
PROCON. Não dá para
devolver se estragarem, se não deu certo)
O horror continuou,quando estas pedagogas
defenderam a
mestra, por entenderem que com
estas expressões "engraçadas",
a aula, ou o tema da aula ficava mais leve.
A coisa foi mais longe,
quando elas (eles) disseram que gostariam de
continuar tendo aulas
com esta " didática". Quais os outros
tipos de didática que conhecem,
para optarem por esta? Se escolheram esta é
porque é a melhor?
Como psicanalista, temo pela definição de
sanidade que tais pessoas
possam me apresentar. Como pedadoga fico
pensando no que a
psicanálise afirma " Só pessoas saudáveis,
formam crianças saudáveis".
Lembrei-me do livro de Pierre Weil, Jean
Ives Leloup e Roberto Crema, NORMOSE ( a
patologia do normal. O normal está doente).
(esta sem dúvida, vai aumentar a lista
deles.)
Lembrei-me do movimento "Comunicação não
Violenta," em que são
treinados os professores formados
pelos Programas de Educação
para a Paz e em Valores Humanos. Não se
usa, nenhuma palavra
que ofenda de alguma forma um ser humano.
Quanta diferença!!
Mas usar palavras violentas para identificar
crianças com
deformidades mentais, físicas, etc, está
muito além do que se
poderia imaginar!É...a normose humana fora
de controle.
Como avó da Julinha, que tinha PC grave,
(Paralisia Cerebral) fiquei imaginando-a
sendo concebida como uma "ameba sonolenta",
enquanto ela fizesse um desesperado esforço
para se comunicar, ou simplesmente tentar
movimentar uma mãozinha. Doeu. Doeu pelo
Ian,
pelo Lucas, pela Lorena, pela Giulia,
amiguinos de UTI de AACD da Júlia,
( esta, que em fevereiro, se foi)
Todos com PC grave.
O fato indica que tais alunas, devem começar
tudo de novo. Tudo,
a partir da escolha profissional
feita. Estão em profissão errada.
(Mas fico pensando em qual outra
profissão tal perfil se ajustaria!)
E será nas mãos ( mãos, consciência,
sensibilidade, discernimento
coração, competência )delas que
entregaremos nossos incluídos?
Que tal passarem por uma reeducação em
valores humanos?
Começando pela letra A de amor a todos os
seres, passando pelo C de
Consideração, indo para o R de Respeito,
ou Refinameto.... E e E
de Ética inclusive a proifissional. POr
falat nisso, o que será que o
Conselho Nacional de Medicina acha
disso? Uma médica psiquiatra que considera
pessoas com deficiências, "amebas
sonolentas", ou " pès de alface"
Ou passarem por uma sensiblização com
pessoas com deficiências, para verem se se
justificam, ou se assemelham aos adjetivos
dados pela mestra?
Para testarem o que sentem junto delas? No
trabalho diário com elas? Será que assim,
mudariam de humor? Continuariam dando
risadas?
Uma coisa posso garantir: Estas crianças
nunca vão ser " Pés de alface".
Há um SER lá dentro daquele corpo meio
inerte. Um Ser que se comunica apesar de
todas as limitações e dificuldades que o
corpo, o cérebro apresentam.
Um Ser que quer mostrar que existe a todo
custo. Quem lida com eles
vai afiançar isto.
E é maravilhoso ver qualquer mínimo
esforço ter sucesso ( vejam
a euforia dos terapeutas no filme O
escafandro e a borboleta =
tirado de um fato real)
Creio que este fato da sala insensível ( ao
tema, mas sensível ao
bom humor em aulas) não deva ficar como se
não tivesse existido.
No mínimo um programa de sensibilização,
deve ser dado à classe.
Um belo programa teórico prático, para
humanizar futuros educadores,
principalmente de escolas inclusivas.
Ou será que também ela, a Universidade achou
isso Normal por parte
de suas alunas? É. Espero que Weil, Leloup e
Crema não precisem
escrever Normose 2.
Suely Costa