Meu filho
vai repetir o ano! E agora?
Nenhum resultado, seja ele bom ou mau, se dá do dia para a noite.
Nada acontece inesperadamente quando o assunto é Educação. Educação
é um processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e
moral do ser humano (definição: Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa).
A aprendizagem acontece como resultado deste processo de
desenvolvimento. Porém para que a aprendizagem aconteça é de
fundamental importância que haja um sincronismo entre
aluno/professor/família. Esta parceria é importantíssima para o
sucesso do processo de ensino e aprendizagem.
Muitos pais atravessam todo o ano letivo em total abstinência
participativa. Não tomam conhecimento das reuniões escolares, não
acompanham as Tarefas de casa, não controlam a freqüência, não se
interessam pelo desempenho escolar do filho e muitos nem sequer lêem
a agenda, que é o veículo de comunicação entre professor e pais.
Há aqueles alunos que diante da falta de atenção e interesse de seus
pais, se sentem desmotivados não se dedicando como deveriam aos
estudos, bem como há aqueles que por conviverem em lares
problemáticos acabam refletindo nos estudos seus temores e conflitos
emocionais. Também há alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem e necessitam de acompanhamento paralelo de outro
profissional, dependendo da extensão da dificuldade.
Estas dificuldades acabam por estimular outro grave problema que
assola a Educação do nosso país – a evasão escolar. O aluno,
principalmente da rede pública de ensino, diante das dificuldades
vivenciadas e do desinteresse de seus pais, acabam por abandonar a
escola passando a perambular pela rua ficando à mercê das más
influências.
Muitas escolas implantam Projetos para estimular a motivação de seus
alunos e com isso suplantar a falta de interesse dos pais no
acompanhamento do desempenho escolar do filho, propiciando que estes
permaneçam no ambiente escolar.
A implantação das TICs no ambiente escolar vem agindo como estímulo
à aprendizagem e à inibição da evasão escolar. Porém este é um
assunto para outro artigo.
A parceria ideal é que a escola se empenhe em proporcionar uma
educação de qualidade levando em conta a individualidade do aluno
deixando para trás paradigmas da educação “tamanho único”. À família
cabe estar em contato permanente com a escola, acompanhando de perto
o desempenho do filho e auxiliando-o no sentido de superar
dificuldades. Ao aluno cabe se empenhar com responsabilidade. Tudo
isso deve acontecer no decorrer do período letivo e não somente no
final do ano quando já não há tempo hábil para se tentar reverter a
situação.
Porém, a realidade é muito diferente principalmente na rede pública.
Conforme resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica) em 2007 a taxa de aprovação dos alunos de 1ª e 2ª séries da
rede pública foi de 78,1% contra 96,5% das particulares e de 3ª e 4ª
foi de 83,4% porcentagem similar tanto na pública quanto na
particular.
Diante da evidência de uma reprovação há quem culpe o aluno. Este
comportamento não exime de forma alguma a culpa de cada um dos
envolvidos, muito pelo contrário. Como já mencionei acima, a
parceria aluno/família/escola é fundamental para o sucesso da
Educação.
Em razão de a preocupação ser arranjar um culpado e não se empenhar
em contribuir para uma melhora na Educação, que temos hoje uma
realidade de 40 milhões de adultos sem ter concluído a 4ª série.
Na ânsia de recuperar o tempo perdido e com isso evitar a
reprovação, muitos pais resolvem colocar seus filhos em professores
particulares, cortam todo e qualquer divertimento, cobram as lições
de maneira repreensiva dando muito mais importância à aprovação “a
qualquer jeito” do que à aprendizagem propriamente dita. Não se
preocupam se o filho irá somar dúvidas no ano seguinte acabando por
comprometer toda a qualidade do curso.
Fica aqui a “dica”, através deste texto, não para ser praticado
neste final de ano, mas para colocar em prática no ano que se
iniciará em breve. Pais sejam participativos desde o início do ano.
Com esta atitude seu filho se sentirá motivado a desempenhar melhor
seu papel de estudante, a escola se sentirá motivada a lhe
participar toda e qualquer dificuldade apresentada pelo aluno bem
como suas conquistas, e você, ao final do ano, não precisará
procurar culpados para o fracasso do seu filho.
Termino aqui parafraseando Rubem Alves nesta belíssima apresentação
disponibilizada pela minha amiga
Miriam Salles
|