Mesmo assim,
durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado
pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua
Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças
musicais consagradas num instrumento raríssimo, um
Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de
dólares.
Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de
Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000
dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de
andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido,
crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do
violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington
Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas
quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem
moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Esse é um
exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas
vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor
bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.
A boa notícia é que pela primeira vez na história temos a
chance - eu, você e quem mais quiser - de definir o que tem
valor real para nós, independentemente de marcas, preços e
grifes. Não é mais um luxo o que o mercado diz que você
deve ter, sentir, vestir ou ser.
O luxo se relativizou, cada indivíduo
o percebe a seu modo. Quer ver?
Sabe quando você faz algo que lhe dá um prazer danado, mas
que acontece aqui e ali, bem raramente, e que por isso
mesmo traz uma sensação de felicidade que transborda só de
pensar?
Pois a experiência única, que evoca esse estado de
espírito, é o tal luxo para chamar de seu. 'Ele ganhou um
conceito mais flexível, que se desvincula do valor das
cifras dos produtos e se aproxima das experiências
subjetivas, um luxo emocional', afirma o psicanalista
Jorge Forbes.
Obs: o vídeo da apresentação no metrô está no You Tube.
http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw
LEMBRETE:
Perdemos muito tempo de nossas vidas na tentativa
de parecer o que não
somos e esquecemos de simplesmente ser. O verdadeiro
luxo é SER, o
verdadeiro lixo é não SER.