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Vamos Refletir com o texto do Professor Eduardo Machado



Mensagem no Twitter do apóstolo Paulo

Se o apóstolo Paulo vivesse hoje, visitasse uma de nossas escolas, andasse
entre os adolescentes e jovens durante o recreio, saísse com eles,
participasse de suas conversas, fosse com eles a um barzinho, uma festa,
navegasse na Internet, mandando e recebendo mensagens e emails, conversasse
no Skype, no MSN, abrisse uma página no Orkut, no Twitter, talvez
reescrevesse assim a sua carta aos Coríntios.

- Se eu aprender inglês, espanhol, alemão ou qualquer outro idioma, se puder
navegar pela Internet e falar com as pessoas, ao redor do mundo, em tempo
real, mas não tiver uma palavra de amor a dizer aos que se comunicam comigo,
de nada vale tanta tecnologia...

Se eu for aprovado no colégio, no vestibular; se brilhar no ENEM
e concluir com brilho a Universidade. Se eu for diplomado com louvor na
melhor faculdade e freqüentar cursos e mais cursos de aperfeiçoamento,
pós-graduação e doutorado, mas viver alienado e distante dos problemas do
meu povo, tanta cultura acumulada não passará de inútil erudição.

Se eu, formado, bem remunerado, bem de vida, frequentar
shoppings e outros pontos da moda, desconhecendo ou ficando indiferente ao
sofrimento dos que moram nas periferias da cidade grande...

Se morar numa casa ou apartamento espaçoso e confortável, se
usar a roupa e o tênis mais transados, mas não perceber que, também por
causa da minha omissão, existem os que dormem sob marquises e viadutos, os
que andam de pé no chão, os que se cobrem com trapos sujos, sou apenas um
belo manequim, vazio e colorido, nas vitrines da vida...

Se passar meus fins de semana em festas, barzinhos e outros
programas com minha turma, gastando, às vezes, numa noite, o salário de um
mês de um trabalhador...

Se eu curtir a vida sem ver a fome, o desemprego e a falta de
recursos dos que estão tão próximos a mim. Se não escutar o grito abafado
que vem do menino de rua, do mendigo, do catador de papel, do aposentado e
dos carentes nas filas do INSS, nas enfermarias dos hospitais, entre as
grades de cadeias, nas periferias da vida, nenhum proveito tiro.

Se, nas férias, a única coisa que me importa são projetos e
programas de viagens fantásticas, dentro e fora do país, sem considerar a
realidade dos que não podem nem mesmo sonhar, não sou um cristão verdadeiro.

Se diante das notícias, estatísticas e números da violência,
engrosso o coro dos que pedem pena de morte, redução da maioridade penal,
penas mais duras e polícia mais violenta, tenho um coração ainda mais
embrutecido, amargurado, humanamente empobrecido...

Desculpem se pareço duro e radical, mas o cristão não pode fugir
aos desafios do seu tempo. Não fica de braços cruzados de boca fechada e
cabeça vazia, com o coração anestesiado e insensível a tudo que o rodeia.

Não engole a injustiça, não acha “natural e normal” as
desigualdades gritantes e absurdas do nosso mundo, a manipulação do poder, a
corrupção e as falcatruas do mundo político. O cristão tem no peito e nas
mãos um amor capaz de se indignar, mas que “não perde a ternura jamais”.

Por isso o cristão não prega ódio, nem luta de classes, nem
violência. Não há lugar para ódio no coração de um cristão. Ele não se
desespera nem desanima diante das dificuldades e fracassos, pois sabe que
para sustentá-lo existem a Fé, a Esperança e o Amor.

E é com o Amor, a única arma verdadeiramente revolucionária,
pois muda as coisas em profundidade, que o cristão vai à luta para construir
um mundo mais justo e fraterno, tal como Deus sonhou desde sempre.

Nós sabemos que tudo, um dia, vai passar. O conhecimento, a
sabedoria, a ciência, tudo terá seu termo. Só permanecerão a FÉ, a ESPERANÇA
e o AMOR.

Mas o que permanece mesmo, para sempre, podendo mudar tudo, a
começar do meu, do seu coração, é o AMOR.

E o Amor é a partilha do Ser e do Ter...



Texto inspirado na 1ª Carta de
S. Paulo aos Coríntios (1Cor. 13,1-13)

Eduardo Machado