Educar com afeto

Jane Patrícia Haddad

Consultora Educacional, Palestrante e Psicopedagoga Clínica.

janepati@terra.com.br

www.janehaddad.com.br

O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho", diz o escritor Rubem Alves. > Estado de Minas, 08/08/2006 - Belo Horizonte MG Jane Patrícia Haddad / Psicopedagoga clínica, palestrante e consultora

Para que serve a informação se não soubermos pensar sobre ela (estabelecer relações)? Como educadora, não acredito que televisão e computadores possam por si só educar crianças e jovens. Para que haja conhecimento e que este evolua para um verdadeiro saber é preciso que se estabeleça uma relação humana. Apenas o homem pode conduzir o homem ao crescimento. A educação – o aprender se dá na relação afetiva que professor e aluno estabelecem diariamente – não é piegas, e sim um vínculo entre seres humanos. É uma relação de afeto no contexto da educação (eu/tu/informação). O que passa pelo coração fica guardado na memória. Nós, educadores, precisamos ensinar nossos alunos a olharem para seu entorno social. É necessário fazer com que os jovens desenvolvam o amor, a solidariedade e principalmente a tolerância com as diferenças. Ensinar-aprender se da através do toque, do olhar e, sobretudo, na lentidão diária da relação professor-aluno. Vários estudiosos afirmam que a principal doença do século é a solidão e cabe a nós, educadores, tentar reverter esse quadro através do ato amoroso que consiste em querer que alguém nos entenda, nos ouça e nos veja. Isso é o que chamo de relação afetiva. É o famoso olho no olho, que não é possível quando se passam cinco horas (ou até mais) diante de um computador. O que representa o Orkut hoje na vida das pessoas? Nada mais do que um jeito novo de se relacionar e conversar com o outro. Na adolescência, muitas vezes, o amigo é uma extensão de si mesmo. Vocês já pararam para analisar a nova linguagem dos jovens, principalmente a que ocorre via computador? Eles falam e escrevem para alguém? Onde está o sujeito dessas conversas? Ele realmente aparece ali? Ou é uma nova forma de não se expor? Uma forma de falar...falar... e não falar nada? A informação é muito bem-vinda. o acesso rápido é ótimo, desde que eles passem por uma reflexão. Caso contrário, corre-se o risco de reduzir o homem à condição de objeto. As relação humana é o que existe de mais bonito. Contudo, relacionar dá trabalho. A relação é construída no dia-a-dia, passo a passo, e não tem como ser diferente. É preciso tempo e investimento, construção e desconstrução. Sugiro a cada um que pare o que está fazendo e se pergunte: Como andam as minhas relações? Pais, marido, esposa, filhos, alunos? Enfim, como ando comigo mesmo? É preciso fertilizar o campo do afeto, olhar para o lado e ver as pessoas que nos cercam, elogiar nossas crianças e jovens, admirá-los, pois o afeto precisa ser adubado e regado diariamente. Educar com afeto é investir no desenvolvimento de uma nova geração. De nada servirá a rapidez das informações se não houver uma evolução do pensar criticamente e do refletir sobre a existência. Quem sou eu?

 

 


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