Jane Patrícia Haddad

Palestras e Conferências

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Autonomia - Roberto Francisco ( Empresa Plansis)


É estranho quando se prova do próprio remédio. Estava em dúvida, semana de muitos questionamentos. Olhei pra cima. Estava ali o remédio que tanto receito: nossos princípios mandam que sejamos cristãos. E Deus me apontou a solução pouco mais abaixo: Clareza!

Acho que não estou sendo claro. Então vou tentar ser nesse preâmbulo.

Eu acredito em felicidade corporativa! A julgar pelos resultados dos buscadores na internet, muita gente acredita como eu. Mas não posso culpar você por não crer! Mesmo falando disso numa terra de descrentes, eis que é no que acredito.

Durante anos e anos eu me dediquei de verdade a isso. Meu propósito? O de tentar vencer um desafio, uma empresa que possa dar resultados e, ao mesmo tempo, produzir uma felicidade que seja mais genuína do que parques de diversão.

Você não sabe o que são os parques? Eu explico: empresas em que se premia muito os funcionários, de montes de maneiras diferentes, até o dia em que se passa por uma dificuldade qualquer. Aí o parque fecha, gente vai para a rua e você vê, de verdade, onde está trabalhando.

Por isso me interesso em tentar obter uma qualidade de vida mais genuína!

Nesse tempo fiz muitas descobertas...

Descobri que a felicidade corporativa não é algo poético, nem facilmente alcançável. Não adianta falar dela nem tentar fazer com que seja algo tangível e igual para todos. Não será.

Aprendi que empresas muito ruins para uns são muito boas para outros.

Aprendi que tem gente de mal com a vida e que sou muito susceptível a esse tipo de gente que, de verdade, estraga meu dia. Fico de mal também.

Aprendi que tem gente que gosta de viver na pressão, de trabalho, de dívidas, de infelicidade.

Aprendi que, nas empresas, o mal está, na maior parte das vezes, no outro, na situação, na própria empresa.

Aprendi que a maior parte das pessoas não sabe inglês porque a vida não lhe deu essa chance, muito menos a família, muito menos a empresa, muito menos todo mundo menos ele mesmo.

Aprendi que todos somos idealistas, desde que nossos interesses mais arraigados não sejam molestados.

Aprendi, e essa não foi por falta de aviso, que as pessoas não se interessam muito pelo que nós dizemos, mas pela forma como dizemos.

Aprendi que muitos deixam para a última hora aquilo que nem precisava ser feito, uma variante piorada e muito mais frequente do não-deixe-para-a-última-hora-o-que-pode-ser-feito-hoje.

Aprendi que, para muitos, não se deve sonhar. Se você sonha eles dizem que os sonhos as afogam e aí começam a lutar não contra cada um dos seus sonhos, mas contra o ato sagrado de sonhar, inclusive nas empresas.

Aprendi que todos, invariavelmente, são mal compreendidos, uma forma segura de garantir que a culpa seja sempre do outro e da empresa.

Eu poderia ficar falando horas e horas sobre tudo o que aprendi, mas há algo que aprendi que me é mais precioso: eu aprendi que preciso seguir em frente porque o preço de não seguir será a sua felicidade e a minha infelicidade e que, infeliz, eu fico muito mau, fico Frankenstein.

Eu não quero ser mau.

Eu tenho um sonho.

Então queria explicar como as pessoas se ajudam na empresa que estou construindo:

Nessa empresa as pessoas têm autonomia. Eu não sabia direito o que era autonomia até que uma amiga escreveu algo quase acidental e absolutamente fundamental: Ser autônomo é EMPREENDER com CONSEQUÊNCIA. Isso quer dizer que eu tomo decisões, ouso, avanço, crio, mas sou responsável pelas consequências de todas as decisões que tomo, pela minha ousadia, meus avanços, minha criação. Uma variante elegante do meu já famoso "cocô do cachorro", os que não conhecem podem conhecer no meu blog.

Nessa empresa perguntas são sagradas. Você deve ter aprendido na escola que perguntas não são sagradas, que podem ser feitas assim, com um certo desleixo, e se o professor não explicar direito, simples, a culpa é do professor.

Sinto muito, meu amigo, em fazer você descobrir que perguntas são muito sagradas. Quando você pergunta é como se você fecundasse o outro. O ato de perguntar é essencialmente um coito, algo como se engravidássemos o outro com a pergunta. Eu sou pai. Um pai de verdade espera nove meses por seu filho e durante nove meses pergunta. São as perguntas bem feitas que tornam o  filho de ambos e não da mãe.

Então, quando você me perguntar algo, por favor, me engravide. Você pode fazer isso colocando seu espírito na pergunta. Ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar. Então não me estupre. Me possua com amor como a uma donzela. Quero sentir você na pergunta, nas suas possibilidades de resposta, nas suas alternativas. Então a resposta será nossa e não minha.

Nessa empresa as pessoas são simples, trabalham de forma simples. É como eu queria educar minhas “filhas respostas”, com simplicidade.

Pretendo falar disso outra hora.

Por hora estou aqui, apenas esperando para um ato de amor. Eu que pensava que meu escrever não seria cristão, eis que surge a fórmula de São Paulo: o amor.

Perguntar e responder, ser autônomo e responsável é antes de tudo um ato de amor com o outro. É antes de tudo um ato de amor com você mesmo.